O Festival Folclórico de Parintins é mais que um espetáculo: é uma explosão de cores, sons e emoções que representa com orgulho a alma da Amazônia. Realizado anualmente no final de junho, na ilha de Parintins (AM), o evento promove uma vibrante disputa entre dois bois-bumbás — Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) — e atrai milhares de turistas do Brasil e do mundo. Mas você sabe de onde vem essa tradição? Descubra a seguir a origem, os significados e por que esse é um dos maiores festivais folclóricos do planeta.
As Origens do Festival
O Festival de Parintins teve início em 1965, como uma celebração local modesta em homenagem a São João. Inspirado na tradição nordestina do Bumba Meu Boi, o evento rapidamente ganhou características próprias ao ser abraçado pela população ribeirinha da Amazônia. Já em 1966, a competição entre os bois Garantido e Caprichoso passou a ser o centro da festa.
Desde então, o festival se transformou em uma grandiosa manifestação artística, que mistura teatro, música, dança e lendas indígenas, mantendo viva a identidade cultural do povo amazonense.
A Lenda do Boi e o Enredo Amazônico
A espinha dorsal do espetáculo é a tradicional lenda do Boi, que narra a história de um boi ressuscitado para atender o desejo da mulher grávida de um vaqueiro — a Catirina. A partir dessa base, o Festival de Parintins constrói enredos que valorizam:
- Povos indígenas e suas cosmologias
- Preservação ambiental da floresta
- Mitologia amazônica (Curupira, Iara, Mapinguari)
- Lutas sociais dos povos da região
Cada apresentação dos bois é dividida em blocos temáticos, contando histórias diferentes, mas sempre exaltando a cultura, a espiritualidade e o imaginário amazônico.
Caprichoso x Garantido: Uma Rivalidade Cultural
Os dois bois possuem torcidas apaixonadas que se identificam fortemente com seus símbolos e ideais:
- 🔵 Caprichoso: Representa inovação, com estilo mais moderno e foco em tecnologia nas alegorias. Seu símbolo é a estrela.
- 🔴 Garantido: Representa a tradição, com um toque mais popular e emocional em suas apresentações. Seu símbolo é o coração.
Ambos são julgados por 21 quesitos técnicos e artísticos, que incluem alegorias, coreografias, toadas, porta-estandarte, sinhazinha da fazenda, pajé, cunhã-poranga, amo do boi, entre outros.
O Bumbódromo: O Palco do Imaginário
O centro das apresentações é o famoso Bumbódromo de Parintins, um estádio construído exclusivamente para o festival, com capacidade para 35 mil pessoas. Seu formato lembra a cabeça de um boi e é dividido simetricamente entre as torcidas azul e vermelha.
Durante três noites (sexta a domingo), os bois se revezam no palco para contar suas histórias — sem que um veja a apresentação do outro. É como se fossem dois grandes musicais de Broadway amazônicos, disputando a preferência dos jurados e do público.
Reconhecimento Nacional e Internacional
O Festival de Parintins é considerado:
- Uma vitrine internacional da cultura indígena e ribeirinha
- Um dos maiores festivais folclóricos da América Latina
- Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN
- Um exemplo de turismo sustentável, com impacto econômico milionário e geração de renda local
Mais do que uma festa, o Festival de Parintins é um grito de identidade cultural, resistência e beleza. Ele une tradição e modernidade, arte e espiritualidade, comunidade e espetáculo. Seja você Caprichoso ou Garantido, o mais importante é reconhecer que esse festival é do povo e para o povo.




